10 de julho de 2014

Jovem, negro e pobre são alvos da violência no Brasil

Walmyr Junior *

O Brasil carrega a triste 7ª posição no ranking de países mais violentos do mundo. Os dados apontam que 56.337 pessoas perderam a vida assassinadas no país no ano de 2012, 7% a mais do que em 2011. O crescimento de 13,4% de registros desse tipo de morte, comparados ao ano de 2002, equivalem a um pouco mais que o crescimento da população total do país, que foi de 11,1%.

Com uma perspectiva de elucidar a identificação das causas da violência nas cidades, temos um instrumento que fala da triste constatação do genocídio da população negra no país. O Mapa da violência deste ano anuncia uma tragédia que atinge toda a população brasileira, mas os casos de homicídios relatados no documento só mostra o que temos anunciado há muito tempo.

Não somos números, estamos falando de um retrato cruel das diferenças raciais no Brasil e os problemas enfrentados por cada família negra brasileira. Estou me referindo ao assassinato de jovens negros entre 15 a 29 anos, que consolidam 30.072 mortos. O número representa 53,4% do total de homicídios do país.

Mas por que este índice de mortalidade só aumenta?

A sociedade brasileira está acostumada a naturalizar a violência e junto com essa lógica o racismo institucional é utilizado como ferramenta de manutenção dessa sociedade que não só mata, mas deseja banir a juventude negra dos espaços de sociabilidade. 

A política de segurança do Estado brasileiro corrobora com o sistema racista e faz da militarização da sociedade uma maneira de analisar o cidadão pela sua renda, por sua cor e por suas características físicas, interpretando assim quem é bandido ou não. 

Por isso é tão importante debater a desmilitarização da Polícia Militar (PM). Quem não se lembra dos 111 presos assassinados em 1992 durante o Massacre do Carandiru? E o desaparecimento do Amarildo? E o assassinato da Claudia, do Douglas (o DG) e tantos outros que sucumbiram por causa da violência e despreparo policial? Esses casos, somados aos inúmeros flagrantes de abusos durante as manifestações de junho/2013, nos faz pensar sobre a urgência da desmilitarização ou mesmo o fim da PM como uma das alternativas para acabar de vez com essa indústria da morte. 

Outra alternativa para conter o extermínio da juventude negra é a aprovação da Lei que implica no fim dos autos de resistência. Por conta do auto de resistência, que é uma forma de manter impune os policiais que reagem de forma violenta contra a população, o Estado mantem um aparelho policial que tem como método o fim de quem sofre a maior violência. O negro da favela, por possuir ‘o estereotipo subversivo’, é o maior perseguido pelos policiais que se beneficiam do esquema fraudulento dos autos de resistências. É através dessa proteção do Estado que o PM mata e não é julgado como criminoso. 

O projeto democrático e popular tem conseguido conquistas importantes no ultimo período, como o aumento da presença de jovens negros na universidade e ampliação da renda dos postos de trabalho formal e da renda media do trabalhador. As Leis de Cotas, o JUVENTUDE VIVA, o PRONATEC, o REUNE e o PROUNI, o BOLSA FAMÍLIA são algumas soluções temporárias que o governo tem pensado para incluir o jovem negro na dinâmica da ocupação do espaço social. Mas precisamos ir além, precisamos dar espaço para jovem negro buscar sua emancipação.

Quando o jovem negro é impedido de ocupar os mais variados espaços,quando não consegue um emprego ou um salário descente, quando não tem acesso a educação, saúde, moradia, lazer e tantas outras necessidades básicas,ele vai optar por assumir o discurso violento que a sociedade naturaliza e reproduz. Essa catarse de violência faz do oprimido o seu próprio opressor, ou seja, o jovem, pobre e negro acaba virando o vilão da sua própria gente, alimentando o Mapa da Violência e relatando que o fim do povo negro do Brasil pode estar próximo. 

* Walmyr Júnior Integra a Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro, assim como a equipe da Pastoral Universitária Anchieta da PUC-Rio. É membro do Coletivo de Juventude Negra - Enegrecer. Graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.

Fonte: Jornal do Brasil

17 de abril de 2014

Juventude Metalúrgica debate 50 anos do golpe em festival de cinema

A Juventude Metalúrgica do ABC realiza no próximo dia 26, às 16h, um festival de filmes curta metragem para refletir e debater sobre os 50 anos do golpe militar dado no País em 1964. A atividade aberta à categoria e toda a sociedade acontece no Centro de Formação Celso Daniel, ao lado da Sede.

Para Alessandro Guimarães, membro da Juventude Metalúrgica e CSE na Mercedes, a intenção do evento é transmitir aos jovens a vivência que não tiveram sobre o golpe, com a apresentação de dados e relatos históricos da ditadura, contadas pelo ponto de vista de quem viveu o período.


Democracia

Uma das palestrantes será Maria Elicélia Alves Feitosa, a Zelinha, que na época era faxineira do Sindicato e hoje é dona da lojinha de produtos variados dentro da Sede.

“Como os mais velhos já estão morrendo, os jovens precisam dar continuidade na divulgação da história”, afirmou Zelinha.

“Hoje há muitos jovens que nada sabem o que vivemos durante a ditadura e a luta do Sindicato em busca da democracia”, prosseguiu a companheira.

Curtas apresentados no cine debate da Juventude Metalúrgica

As confissões de Paulo Malhães na Comissão da Verdade

Depoimento do coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, ex-agente do Centro de Informação do Exército que atuou em diversas missões de extermínio de opositores da ditadura. No depoimento, ele admite tortura, mortes, ocultações de cadáveres e mutilações de corpos.

Via legal – Vítimas da ditadura

Há mais de vinte anos foram encontradas em São Paulo mais de mil ossadas de pessoas mortas durante o regime militar. Apesar de todo o tempo transcorrido, as autoridades não se movimentaram com a rapidez suficiente para garantir a identificação das vítimas da ditadura.

Anos 70 – Ditadura, censura, consumismo, comunicação

Documentário que retorna aos anos 1970, quando a cultura alternativa refletiu um período de mudanças comportamentais, de atitudes transgressoras na arte e de consolidação de uma indústria cultural difundida, sobretudo pela televisão.

10 de março de 2014

CUT: luta por igualdade entre homens e mulheres é desafio para toda sociedade

Desafios são regulamentação do trabalho doméstico, igualdade de remuneração e de oportunidades no mercado e repartição desigual entre homens e mulheres nas atividades do lar
por Rosane Silva e Vagner Freitas*
A luta das mulheres por melhores condições de vida e de trabalho, pelo direito ao voto e pela emancipação, inspirou a criação do Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março.
 
A atuação das mulheres no processo de transformação social garantiu a ampliação do direito ao voto, a participação e a formalização no mercado de trabalho, acesso à renda, direitos e participação na vida pública. E as mulheres, que começaram brigando por trabalho decente, hoje presidem países como o Brasil de Dilma Rousseff e o Chile de Michelle Bachelet, ocupam cargos importantes em empresas e nos parlamentos mundo afora. São respeitadas.
 
A discriminação e a desigualdade entre homens e mulheres, no entanto, ainda atinge milhões de mulheres em todos os continentes. As mulheres conquistaram mais anos de estudo do que os homens, porém, a taxa de desemprego entre as mulheres é maior e a desigualdade salarial continua. Sem falar que a maioria sobrevive da economia informal. Evidentemente, as maiores vítimas são as mais pobres e as negras, com baixa escolaridade e sem muita qualificação profissional.
 
Em alguns países, dívidas históricas começam, mesmo que timidamente, a ser corrigidas, mas a reação das elites econômica e política reduz o ritmo das mudanças. Esse é o caso do Brasil, onde depois de muito debate e pressão das trabalhadoras domésticas, dos movimentos sindical e social, começou a ser corrigida uma injustiça histórica com um dos maiores grupos de trabalhadoras do País: o das domésticas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil é o maior empregador de domésticas do mundo. São 7,2 milhões de trabalhadoras. Nesse universo, 59,6% são negras.
 
Em 2013, no governo da presidenta Dilma, a legislação trabalhista igualou os direitos das empregadas domésticas ao dos demais assalariados. 25 anos depois da promulgação da nossa Carta Magna e 126 após o fim da escravidão no Brasil, o emprego doméstico foi finalmente incorporado ao artigo 7º da Constituição Federal.
 
Agora, essas trabalhadoras têm os mesmos direitos que os demais trabalhadores. Além disso, o trabalho doméstico é considerado insalubre e perigoso, vedado a menores de 18 anos. Mas a luta não terminou. Sempre atento aos humores da elite, que reagiu negativamente, o Congresso Nacional ainda não regulamentou o Projeto de Lei do Senado (PLS) 224, de 2013, que define aspectos do emprego doméstico, como a multa do FGTS, a definição da jornada de trabalho e multa no caso de demissão.
 
Em 2014, os desafios para o governo, para o Congresso Nacional e para toda a sociedade são a regulamentação do trabalho doméstico, igualdade de remuneração e de oportunidades no mercado e a repartição desigual entre homens e mulheres nas atividades do lar.
 
A luta por igualdade entre homens e mulheres é um desafio não apenas da CUT, mas de toda a sociedade brasileira.
 
Nossa homenagem a todas as mulheres do Brasil.
 
* Rosane Silva é secretária nacional da Mulher Trabalhadora. Vagner Freitas é presidente nacional da CUT

5 de março de 2014

Parceria entre CUT e Unicamp inova na formação e qualifica dirigentes para o embate entre capital e trabalho

Curso de “Política e Sindicalismo Internacionais” forma nova turma capaz de compreender a natureza das transformações e pensar a estratégia sindical
Parceria entre CUT e Unicamp inova na formação e qualifica dirigentes para o embate entre capital e trabalho
Socializar, compartilhar e construir saberes. Após sete módulos, intensos debates, troca experiências e novos conhecimentos, chegou ao fim na semana passada a trajetória de estudos da terceira turma do curso de extensão universitária “Políticas e Sindicalismo Internacionais”.

Todo curso ocorreu nas dependências do Instituto Cajamar, histórico centro de formação político-sindical, hoje Cooperinca (Cooperativa dos Trabalhadores do Instituto Cajamar).

Voltado a dirigentes e assessores sindicais de entidades filiadas à CUT, o projeto é um convênio entre a Central e o Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Iniciaram o curso em agosto do ano passado 39 estudantes, sendo 19 mulheres e 20 homens, representantes de diferentes ramos de atividade e setores econômicos em que a CUT atua, contemplando a diversidade e a pluralidade do nosso País. Destes, 38 receberam o diploma de conclusão em solenidade realizada na última quinta-feira (27), na sede da CUT Nacional.

Na oportunidade, o secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, ressaltou a importância histórica da formação da Central. Sobre o curso, assinalou que os/as dirigentes que dele participam saem mais preparados/as para enfrentar um cenário altamente complexo. As recentes e constantes transformações do capitalismo, onde o capital detém grande mobilidade e interação em vários países e em diversas formas, demanda uma organização da classe trabalhadora a nível internacional

- Dirigentes sindicais destacam papel transformador do Curso de Política e Sindicalismo Internacionais

Para o professor José Dari Krein, coordenador de pós-graduação na área social do trabalho no Instituto de Economia da Unicamp, essa relação com a academia qualifica o movimento sindical para intervir numa realidade cada vez mais complexa. “As transformações são de grande profundidade. Investir na formação sindical, em um curso como este, é fundamental para compreender melhor a natureza das transformações em curso, seja no local de trabalho, tipo de ocupação que é gerada, entender a dinâmica do capitalismo mais recente, quais as políticas econômicas que vão sendo adotadas, como é a forma que o país se insere no processo de globalização, quais são as estratégias dos grandes grupos econômicos internacionais, porque isso é a base para se pensar a estratégia sindical, as formas de organização e resistência dos trabalhadores, a forma de luta mais adequada para enfrentar esse mundo moderno”, disse.

José Celestino Lourenço, o Tino, secretário de Formação da CUT, falou sobre o protagonismo da Central na relação com os movimentos de outros países. “Durante a 102ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT (Organização Internacional do Trabalho) - junho de 2013 - foi realizada a reunião da Comissão de Normas, onde as denúncias sobre as violações são tratadas pelas três bancadas (governos, trabalhadores e empresários). E neste espaço a CUT foi convidada a fazer a defesa dos trabalhadores dos países da África, o que reflete a nossa representatividade”, ponderou.

Já o secretário-adjunto de Formação da CUT, Admirson Medeiros, o Greg, trouxe uma mensagem deixada pelo presidente da Central, Vagner Freitas, que não pode comparecer a solenidade por estar em compromisso no Rio de Janeiro.

Na carta, Vagner destaca o poder transformador da educação. “Por isso somos a Central que mais investe em formação. Tarefa ainda maior de nos prepararmos para os embates cada vez mais ferozes entre capital e trabalho.”

Conteúdo abrangente – neste curso de extensão universitária os alunos também são protagonistas. Qualquer formalidade e/ou burocracia acadêmica é deixada de lado.

Os dirigentes tomam conhecimento de teorias da economia, da política, da história mundial, do surgimento do movimento sindical e sua evolução e as relacionam com a luta cotidiana.

Entre os expositores e responsáveis pelas aulas, passaram pelo curso o sociólogo Emir Sader, o economista e professor licenciado da Unicamp Marcio Pochmann, o diretor executivo do Cesit Anselmo Luis dos Santos, o professor doutor do Instituto de Economia da Unicamp Eduardo Fagnani, o deputado federal Vicentinho (PT-SP) e dirigentes da CUT, incluindo o presidente Vagner Freitas.
 
O curso foi divido em sete módulos trabalhados durante uma semana no mês.  Cada módulo abordava uma temática, mas todos estavam interligados entre si: entender o capitalismo, sua lógica e efeitos na organização dos trabalhadores; o funcionamento da macroeconomia; a história do capitalismo durante o século XX; o desenvolvimento da América Latina e os principais problemas atuais; a economia brasileira e sua relação com o mundo do trabalho; o contexto da evolução do neoliberalismo; os instrumentos necessários para a atuação do sindicalismo internacional.

As aulas ocorriam no período da manhã e da tarde. Antes, os alunos divididos em três grupos participavam de uma monitoria para que pudessem se apropriar do conteúdo e facilitar no processo de compreensão e participação. Monitorias que eram coordenadas por Valter Palmieri Jr., economista e doutorando na área de desenvolvimento econômico no Instituto de Economia da Unicamp; Lucas Andrietta, também economista e aluno do mestrado em economia social e do trabalho no Instituto de Economia da Unicamp; e Ana Elisa, formada em ciências sociais e que recentemente concluiu seu mestrado na mesma área.

- Retomada do Instituto Cajamar fortalece a formação de novas lideranças sindicais

Após as aulas os integrantes do curso se reuniam novamente em grupos menores para discutir os temas mais relevantes do dia, um trabalho de sistematização. Ainda havia um espaço reservado para que os alunos debatessem e organizassem o trabalho de conclusão.

Durante os cinco primeiros módulos o curso foi coordenado pela economista e pedagoga social Rita Kallabis, doutoranda em economia social e do trabalho pelo Instituto de Economia da Unicamp, que por motivos pessoais precisou se afastar, sendo substituída pela companheira Marilane Teixeira, que está a concluir seu doutorado em economia social e do trabalho também na Unicamp.

Sujeitos da transformação - uma novidade nesta terceira turma foi à necessidade de apresentação de um trabalho final. Os alunos escolheram um tema e, em grupo, trabalharam durante seis módulos na construção do trabalho e de propostas para a CUT através de leituras, estudos e complementação das bibliografias.

Valter Palmieri acompanhou a realização de todos os três cursos. Em sua opinião, os grupos de trabalho foram de grande importância para que os alunos não apenas assimilassem o conhecimento da academia, mas que também fossem os sujeitos da transformação, de produção do conhecimento.
 
Novos frutos - Valter também observa um ponto em comum nos três cursos. A partir dele, vários alunos retomaram os estudos.

Caso do companheiro Admirson Medeiros, o Greg, que esteve na primeira turma e estimulado pelo projeto decidiu retornar à Universidade.

Outro exemplo vem da terceira turma. Raimunda Audinete, 55 anos, formada em filosofia, entrou no movimento sindical há apenas seis anos. Integra hoje a direção da Fittel (Federação Interestadual dos Trabalhadores de Telecomunicações), da CUT-RN e é suplente na CUT Nacional.

Em sua trajetória, destaca a importância da formação da CUT. Paralelo ao curso de Política e Sindicalismo Internacionais, Audinete iniciou uma pós-graduação em planejamento educacional e políticas públicas. “Quero contribuir com a formação da CUT no meu Estado. Inclusive, juntamente com os companheiros Eliete e Olinto (que também participaram do curso e são do RN), vamos procurar a Universidade Federal do Rio Grande do Norte para fazermos uma parceria”, relatou.

O professor Dari Krein aponta a necessidade de que todos os alunos que passaram pelo curso de Política e Sindicalismo Internacionais também tenham espaço de reflexão e atualização, “porque o conhecimento é algo permanente.”
 
Fonte: CUT

29 de novembro de 2013

IBGE: 20% dos jovens no Brasil não estudam nem trabalham



Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseados na Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e divulgados nesta sexta-feira (29) mostram que o número de jovens de 15 a 29 anos que não estudava nem trabalhava chegou a 9,6 milhões no país no ano passado, isto é, uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa etária.

O número --que representa 19,6% da população de 15 a 29 anos-- é maior do que a população do Estado de Pernambuco, que, de acordo com o Censo 2010, era de 8,7 milhões de pessoas. Na comparação com 2002, quando 20,2% dos jovens nessa faixa etária não estudavam e não trabalhavam, houve leve redução: 0,6 ponto percentual.

A Pnad é uma pesquisa feita anualmente pelo IBGE, exceto nos anos em que há Censo. No ano passado, a pesquisa foi realizada em 147 mil domicílios, e 363 mil pessoas foram entrevistadas. Há margem de erro, mas ela varia de acordo com o tamanho da amostra para cada dado pesquisado.

De acordo com a pesquisa "Síntese de Indicadores Sociais", a maioria dos que formam a geração "nem-nem" (nem estuda nem trabalha) é de mulheres: 70,3%. A incidência é maior no subgrupo formado pelas pessoas de 25 a 29 anos, onde as mulheres representavam 76,9%.

Já entre os jovens de 15 a 17 anos, a distribuição é mais equilibrada: 59,6% das pessoas que responderam que não estudavam nem trabalhavam eram mulheres. No subgrupo de 18 a 24 anos, por sua vez, as mulheres representavam 68%. Entre essas jovens, 58,4% já tinham pelo menos um filho, e 41% declararam que não eram mães.

Considerando apenas as mulheres que já haviam dado à luz pelo menos uma vez, o número de pessoas que não estudava nem trabalhava também era maior no subgrupo de 25 a 29 anos (74,1%).

"A gente não tinha feito essa conta antes. (...) Começamos a ver pelos grupos de idade, e vimos que há uma relação muito forte entre não estar estudando e trabalhando com a questão da maternidade. Não queremos dizer que isso é a causa", afirmou a coordenadora da pesquisa, Ana Lúcia Saboia. "Não podemos falar da relação de causalidade, e sim de uma relação estreita. Entre as pessoas mais pobres, o acesso à escola é menor. Não estou dizendo que isso é a causa, mas há uma relação bastante direta."

A Síntese de Indicadores Sociais revela, no entanto, que houve uma diminuição no índice de mulheres que não estudavam nem trabalhavam em um período de dez anos. Em 2002, as mulheres representavam 72,3% da geração "nem-nem" --consequentemente, houve crescimento de dois pontos percentuais no número de homens em tal situação, no mesmo período.

As estatísticas mostram ainda que a maioria dos jovens "nem-nem" tinha ensino médio completo (38,6%), sendo a maior parte no subgrupo de 18 a 24 anos (43,2%). Apenas 5,6% desses jovens possuíam ensino superior (completo ou incompleto), e 32,4% representavam aqueles que não concluíram o ensino fundamental.

"Eu não gostaria de dizer que essas pessoas que não estão estudando ou trabalhando são ociosas ou um bando de inúteis. É uma situação momentânea que pode acontecer. De qualquer maneira, a gente tem que prestar atenção", disse Ana Lúcia. "Em princípio, de 15 a 17 e de 18 a 24 anos, não dá para não estar estudante nem trabalhando. É um motivo de preocupação."

Segundo o IBGE, enquanto 19,% dos jovens de 15 a 29 anos não trabalham nem estudam, 45,2% somente trabalham, 13,6% trabalham e estudam e 21,6% estudam apenas.


Intercâmbio
A reportagem do UOL entrevistou dois jovens que estão atualmente sem estudar e sem trabalhar: o carioca Danilo Sampaio, 23, e o gaúcho João Pedro Monteiro, 21. Ambos passam por dificuldades para conseguir a recolocação no mercado depois de terem feito viagens de intercâmbio.

Há dois anos, ainda cursando Relações Públicas na Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso), Sampaio voltou de um intercâmbio nos Estados Unidos, chegou a estagiar em sua área de atuação, mas não conseguiu se firmar na empresa. Formado desde meados desse ano, o carioca diz estar em busca de uma vaga.

"Procuro estudar em casa mesmo, manter-me atualizado e aproveito a parte da noite para mandar currículos. Vejo todas as vagas que saíram e participo de entrevistas, mas o mercado está muito restrito", declarou.

O jovem disse aproveitar o período da manhã e da tarde para cuidar da saúde: "Durante o dia, eu tenho feito bastante exercício. Vou à academia, corro, enfim, tento cuidar da minha saúde".

Recentemente, Sampaio viajou para a Europa, onde, segundo ele, teve oportunidade de treinar o inglês, algo que considera fundamental para estar bem colocado no mercado de trabalho. Na opinião dele, as experiências internacionais compensaram o período no qual ele não estava "nem estudando nem trabalhando".

"No meu ponto de vista, o intercâmbio foi bem positivo. A gente acaba convivendo com o mundo e o mercado lá fora. Na Europa e nos Estados Unidos, eles são muito pontuais nesse sentido. Também melhorei a questão do idioma, voltei com o inglês muito melhor. Eu larguei um estágio aqui para fazer o intercâmbio e não me arrependi", disse.

Questionado se havia sofrido, em algum momento, pressão da família e/ou dos amigos em razão de sua condição atual, o jovem formado em Relações Públicas afirmou que o único "sentimento de cobrança" surge dele próprio: "É uma pressão minha mesmo. Às vezes eu me sinto inútil e incompetente. Mas a minha família está vendo que eu estou correndo atrás".

Já João Pedro Monteiro, que voltou há dois meses de um intercâmbio cultural na Alemanha, contou ao UOL que, embora tenha conhecido vários países europeus e acumulado experiência internacional, enfrenta dificuldades para conseguir uma colocação na sua área de atuação. Seu último emprego foi como decorador.

"Às vezes parece que aquela experiência que você adquiriu lá fora não vale de nada. Ou você não é valorizado como deveria ser ou as pessoas pensam que você é muito qualificado para um cargo de dois salários mínimos", disse ele, que ficou fora durante três meses e meio.
  
Mesmo assim, o jovem afirmou não ter se arrependido de se aventurar pelo Velho Continente. "São coisas que eu vou levar para o resto da vida. Conheci diversas culturas. Isso até me ajuda a entender melhor o Brasil", declarou.

Monteiro disse ter feito seis entrevistas desde o mês passado, quando começou a mandar currículos. O gaúcho afirma contar com o apoio da família, mas "saber que rola" comentários maldosos a respeito de sua condição. "Mas ninguém falou nada até agora", disse.

"Minha mãe trabalha bastante e eu tento ajudá-la no que eu posso. Mas às vezes eu me sinto mal, como se eu não tivesse conseguido avançar. Eles estão vendo o meu esforço. Mas eu me preocupo que eles pensem que eu voltei de viagem e não fiz nada da vida", completou.

"Nem-nem" por região
O Nordeste é a região na qual estava concentrada a maior parte da geração "nem-nem": 23,9%. O Norte, por sua vez, tinha 21,9%. As regiões Sudeste (18,1%), Centro-oeste (17,4%) e Sul (15%), respectivamente, estavam abaixo dos 20%.

Na divisão por Estado, o Amapá aparecia no topo do ranking, com 27,8% de jovens que não trabalham nem estudam. Já Alagoas registrava 27,4% e Pernambuco, 26,9%. Por outro lado, Santa Catarina destacava-se positivamente na pesquisa do IBGE, com apenas 12,7%.

Já em relação ao subgrupo de 18 a 24 anos, o panorama mais preocupante dizia respeito aos Estados de Alagoas (35,2%) e Amapá (35%). Neste último, o índice de pessoas que não trabalhavam nem estudavam era maior do que o de indivíduos que só trabalhavam, só estudavam ou trabalhavam e estudavam paralelamente.

Um estudo do do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), com base nos dados da Pnad 2008, mostrou que, à época, 3,4 milhões de jovens brasileiros entre 18 e 24 não estudavam e tampouco trabalhavam.

Ou seja, considerando o levantamento feito pelo IBGE no ano passado, mais de seis milhões de jovens se juntaram ao grupo dos "nem-nem".

Em 2008, o contingente representava 14,6% do total de 23,2 milhões de jovens da época referência da pesquisa. O estudo foi publicado no começo de 2011 no boletim "Na Medida", disponível no site do Inep.

Fonte: UOL

17 de setembro de 2013

Oficina de preparação do Projeto Juventude da CUT em Ação aconteceu em Belo Horizonte

Projeto visa avançar na organização da juventude CUTista com a expectativa de formar mais de 2 mil dirigentes e militantes sindicais
 
Avançar na organização da juventude CUTista por meio da formação de jovens dirigentes e militantes sindicais, eis o principal objetivo do “Projeto Juventude da CUT em Ação”, que integra a estratégia da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) da Central Única dos Trabalhadores. Para alcance desse objetivo, as Secretarias Nacionais de Juventude e Formação reuniram coordenadores e educadores das Escolas Sindicais e secretários/as de juventude das Estaduais da CUT, entre os dias 11 e 13 de setembro, na Escola 7 de outubro, em Belo Horizonte-MG.

A problematização sobre o conceito de juventude abriu a Oficina de preparação do Projeto Juventude da CUT em Ação, no dia 11. Para o professor Geraldo Leão, Faculdade de Educação e do Observatório da Juventude da UFMG, palestrante convidado, a juventude é uma construção histórico-social da modernidade que perpassa por um processo social de “reinvenção”.
 
Tal processo de “reinvenção” deve considerar a condição juvenil brasileira num contexto marcado pela inserção precária no mundo do trabalho e pelo forte apelo à individuação, que atribui ao indivíduo jovem o papel exclusivo na obtenção de “sucesso” no projeto de vida, afirmou Geraldo. Ele ainda apontou pistas para a construção de uma pedagogia da juventude, cujos princípios evidenciam identidade com a concepção metodológica e Política Nacional de Formação da CUT, como apontou o debate realizado.
 
Mesmo assim, o desafio de formar jovens dirigentes e militantes sindicais não é uma tarefa fácil. Alfredo Santos Jr., secretário nacional de juventude da CUT, ao apresentar a estratégia da SNJ, enfatizou a formação da juventude CUTista como uma das ações prioritárias da CUT para o período de 2013-2015. Segundo Alfredo, pretende-se que essa formação alcance mais de 2 mil jovens trabalhadores/as no Brasil e contribua para a conquistas de direitos no campo das políticas públicas, sobretudo para a juventude rural, e nas negociações coletivas entre sindicatos e patrões, potencializando, assim, a Jornada da Juventude da CUT.
 
Não se está partindo do zero. Os acúmulos do Projeto Promoção da Juventude Sindical foram resgatados por Adriano Soares, assessor da Secretaria Nacional de Formação da CUT (SNF). Trata-se de uma iniciativa conjunta, CUT e central sindical alemã – DGB, implementada entre 2005 e 2010, cujos resultados contribuíram para inserção de jovens dirigentes em cargos estratégicos das instâncias CUTistas, fortalecimento do Coletivo Nacional da Juventude e a criação da SNJ da CUT.
 
Para unificar a experiência e renovação do sindicalismo CUTista, o Projeto “Juventude da CUT em Ação” se propõe a atuar em duas dimensões complementares. A primeira, na formação de jovens dirigentes formadores (FJDF) com o apoio das Escolas Sindicais da CUT nas regiões. A Escola Nordeste da CUT terá três turmas sub-regionais com 18 jovens dirigentes sindicais, contemplando as Estaduais e Ramos da CUT dos nove estados da região. Por sua vez, esses 54 dirigentes serão responsáveis por desenvolver nos seus estados um processo de formação para turmas de novas lideranças sindicais da juventude (FJL).
 
A oficina de preparação do Projeto traçou o percurso formativo do FJDF. Martinho da Conceição, coordenador geral da SNF, mediou o debate e sistematização das propostas para a formação dos/as dirigentes formadores. Serão três etapas modulares, que situarão os/as jovens formadores acerca da estratégia organizativa da CUT, dos desafios da juventude na sociedade e mundo do trabalho e da concepção metodológica da formação CUTista, visando dar consistência ao trabalho de base a ser desenvolvido nos estados junto às juventudes trabalhadoras.
 
Para Paulo Bezerra, coordenador de formação da Escola NE da CUT, o Projeto responde aos anseios da juventude que se organiza no interior da Central Única e dará uma relevante contribuição para a continuidade e renovação das lutas da CUT, num momento em que ela completa 30 anos à frente dos enfrentamentos da classe trabalhadora no Brasil e no mundo.
 
José Celestino Lourenço (Tino), secretário nacional de formação da CUT, reforçou o compromisso da Central com o Projeto e o papel estratégico que as Escolas Sindicais CUTistas devem cumprir para a implementação e acompanhamento pedagógico das ações formativas com a juventude nas regiões do Brasil.
 
Fonte: CUT

11 de setembro de 2013

Juventude internacional promove debate sobre a Síria na USP

A Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD) intensifica seu trabalho para divulgar o 18º Festival Mundial de Juventude e Estudantes (FMJE), em Quito, Equador, entre 7 e 13 de dezembro. Na quinta (12) promove o debate “O conflito na Síria e a intensificação das guerras imperialistas”, na Universidade de São Paulo (USP).

O evento terá a participação da psicanalista e autora do livro Imigração Árabe 100 anos de reflexão Claude Fahd Hajjar e o coordenador do curso de geografia da USP, André Martin, e acontece a partir das 18h na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
 
Este debate será o primeiro de uma série de atividades que serão realizadas no Brasil a fim de divulgar e mobilizar a juventude brasileira para o 18º FMJE.  “O FMJE é o maior encontro de jovens anti-imperialistas no mundo. O momento político exige uma articulação internacionalista para a juventude, dos quase 200 milhões de desempregados no mundo, cerca de 74 milhões são jovens entre 15 e 24 anos de idade, esta é a consequência desastrosa das praticas econômicas das grandes potências, não bastasse esta situação, querem resolver seus problemas intensificando a guerra e a espionagem, subjugando outros povos aos seus interesses”, salientou o diretor de Solidariedade Internacional da UJS, Ismael Cardoso.
 
A UJS liderou protestos pela paz em diversas cidades brasileiras na sexta-feira (6). O maior e mais significativo ocorreu em Brasília (DF), onde a UJS esquentou ainda mais o tempo com mais de 400 jovens em marcha para protestar em frente à embaixada dos Estados Unidos. Com objetivo explícito de denunciar a invasão norte-americana à Síria com mais essa guerra de conseqüências imprevisíveis para ao futuro da humanidade, A UJS tingiu a embaixada de vermelho e azul para denunciar mais essa manobra unilateral do governo dos EUA que ameaça o planeta com seus objetivos sórdidos.
 
O governo de Barack Obama se faz xerife do mundo a seu bel prazer, sem dar importância às nações e aos seus povos, basta não se inserir nos seus ditames para ser vítima em potencial de suas ações beligerantes. Nos atos, a UJS mostrou toda a indignação da juventude brasileira contra essa guerra burra e claramente por interesses comerciais e geopolíticos da potência imperialista. O debate é justamente par entender toda essa ação dos EUA contra um país soberano.
 
Durante o evento também haverá o Lançamento do 18º FMJE, que será às 18h, na quinta, no Anfiteatro Geografia (USP).
 
 
 
Fonte: Vermelho

Juventude enfrenta alta rotatividade e baixos salários, revelam dados do Ipea

Estudo revelado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), revela que a alta rotatividade está por trás do elevado nível de desemprego entre os mais jovens. De acordo com uma nota técnica publicada no o boletim Mercado de Trabalho: Conjuntura e Análise, lançado na última semana, os jovens não têm dificuldade de entrar no mercado, mas contratações e demissões são mais frequentes e os períodos de emprego, mais curtos.

“A entrada e saída muito fáceis tendem a diminuir a aquisição de experiência geral e específica de trabalho. Uma vez que o acúmulo deste tipo de capital humano é importante, a elevada rotatividade experimentada pelos jovens no Brasil é um fator que dificulta o aumento de sua (futura) produtividade e salários”, diz um trecho da nota técnica, assinada por um grupo de economistas encabeçado pelo editor do boletim e diretor adjunto de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Carlos Henrique Corseuil

“O jovem consegue entrar, mas ele entra numa empresa em que a rotatividade é muito alta”, afirmou, no Rio. Segundo Corseuil, provavelmente, são empresas de menor porte, em setores com maior movimentação de trabalhadores. Com isso, há uma dificuldade de alocação.

“Se você conseguisse colocar esses jovens nas empresas que se preocupam mais em treinar seus trabalhadores, em ter uma relação mais estável, certamente, a gente teria uma tendência melhor para o mercado de trabalho”, afirmou.

O estudo analisou os fluxos de entrada (contratações) e saída (demissões) do mercado de trabalho, conforme a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os dados mostram que não é mais difícil para os jovens conseguirem emprego, na comparação com os trabalhadores com mais de 25 anos. No entanto, os mais jovens perdem o emprego com mais frequência.

“Uma forma de lidar com o problema da elevada rotatividade no emprego é criar políticas que gerem incentivos para que trabalhadores e empregadores invistam na relação de trabalho. Uma possibilidade nesse sentido é pensar em cursos de treinamento”, diz outro trecho da nota técnica.
 

6 de setembro de 2013

No Grito dos Excluídos, CUT/SP vai às ruas para defender protagonismo da juventude

Defesa é também pelo direito dos jovens que vivem condições precárias no mercado de trabalho

Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular. Este é o lema que será levado às ruas da capital paulista no próximo sábado (7), na 19ª edição do Grito dos Excluídos. A ideia é chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos jovens, como a violência e o extermínio, principalmente nas periferias das cidades.
 
Em São Paulo, o ato dos movimentos popular e sindical, dentre o qual estará a CUT São Paulo, terá concentração na Praça Osvaldo Cruz, a partir das 8h30. Os participantes seguirão em caminhada pela Avenida Brigadeiro Luiz Antônio até o Monumento das Bandeiras, no Parque do Ibirapuera, onde ocorrerá o grande ato.
 
Entre as principais reivindicações está a defesa pelo protagonismo da juventude para a construção de um projeto de sociedade que garanta os direitos dos trabalhadores, trabalhadoras e da população, como reforma urbana e agrária, saúde, educação e transporte público de qualidade.
 
O secretário de Políticas Sociais da CUT/SP, João Batista Gomes, afirma que a CUT levará em suas bandeiras a defesa dos direitos da juventude trabalhadora.  “Muitos jovens entram no mercado de trabalho em condições precárias. Eu, que sempre atuei no serviço público, posso dizer que isso não é diferente no funcionalismo. Salários baixos e grandes jornadas de trabalho são alguns exemplos. Fora esta questão, a nossa Central tem resistido para que o PL 4330, que é o mesmo que rasgar a CLT, não passe no Congresso”, disse o dirigente, referindo-se ao chamado Projeto da terceirização, uma tentativa de precarizar ainda mais as relações de trabalho no Brasil.
 
De acordo com Gomes, o tema deste ano traz desafios para o mundo sindical, num momento histórico em que a juventude sai às ruas para protestar. “Junho e julho foram meses que nos ensinaram. Não é de hoje que o movimento sindical debate sobre a importância de maior participação dos jovens dentro das entidades. Para nós, isso ainda é uma questão a ser superada, ou seja, precisamos descobrir de que forma conseguiremos abrir espaços para que a juventude ocupe”.
 
Raimundo Bonfim, coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), ressalta que é preciso apostar na juventude que luta. “Apoiamos a juventude que resiste às formas de opressão e que está nas ruas para brigar por mudanças estruturais. Sabemos que a desigualdade no Brasil afeta principalmente as mulheres e os jovens”.
 
A qualidade dos transportes públicos – bandeira erguida pela juventude no primeiro semestre deste ano – foi outro tema destacado por Bonfim. “No Grito dos Excluídos vamos denunciar a corrupção dos governos tucanos nos metrôs e trens paulistas. Exigimos a criação de uma CPI para apurar os desvios que vêm sendo feitos há 20 anos pelos tucanos em São Paulo”.

23 de julho de 2013

Educação é prioridade para 85,2% dos jovens brasileiros

Trabalho e transporte de qualidade também fazem parte da lista de preocupações da juventude
 
A maior preocupação dos jovens é a qualidade da educação. Os adultos, no entanto, colocam a saúde em primeiro lugar. Essa é uma das conclusões do estudo Juventude que conta, apresentado durante coletiva de imprensa no auditório do Ipea, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, 22. Na sondagem, foram ouvidas 11.430 pessoas, durante o mês de maio, antes das manifestações populares que tomaram as ruas do país.
 
85,2% dos jovens dão mais importância à educação, resultado 4,75 pontos percentuais superior ao registrado entre os não jovens. Eliminação do preconceito, melhores oportunidades de trabalho e melhoria nos transportes são outras preocupações assinaladas pelos entrevistados, com idades entre 15 e 29 anos. Para 63,5% dos jovens, ter um governo honesto e atuante também é uma das prioridades. O trabalho, realizado nos moldes do questionário My World, da Organização das Nações Unidas (ONU), foi divulgado pelo presidente do Instituto e ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, e pelo subsecretário de Ações Estratégicas, Ricardo Paes de Barros, às vésperas da Jornada Mundial da Juventude.
 
Neri apontou as características gerais comparativas do crescimento e tendências da população jovem no Brasil e no mundo. “Hoje, são 51 milhões de jovens no Brasil, representando 26% da população total”, afirmou. Mas, segundo ele, a tendência é que a população jovem brasileira apresente uma queda mais acentuada em relação ao resto da América Latina, porém, menos intensa se a comparação for feita com a China.
 
De acordo com o presidente do Ipea, essa população pode ser dividida em três grupos: o jovem-adolescente (15 a 17 anos), representando 20% do total, com 10 milhões de pessoas; o jovem-jovem (18 a 24 anos), 45% do total e 23,1 milhões; e o jovem-adulto (25 a 29 anos), 35% dos jovens, totalizando 17,5 milhões.
 
O estudo informa que o número de jovens permanecerá estagnado por 20 anos, de 2003 a 2022, com pouco mais de 50 milhões de pessoas. Esse período é denominado por Neri como o “platô da juventude” e será sucedido por um período de contração da população, com redução de 12,5 milhões entre 2023 e 2042.
 
“Ao final desse século, a juventude será 60% da que temos hoje”, afirmou Paes de Barros em sua apresentação. “Hoje temos a maior juventude da história, foi a maior pré-juventude e será a maior força de trabalho relativa e absoluta, mas não será a maior população idosa”, enfatizou. Para o subsecretário da SAE, a maior população idosa será composta pelos filhos destes jovens, por causa da redução na taxa de mortalidade.
 
Fonte: Inesc