19 de junho de 2012

CUT na Rio+20: desafio é dialogar com jovens que ainda não participam da discussão

Em debate sobre juventude e sustentabilidade, Rosana aponta necessidade de repensar as formas de mobilização
Na manhã da terça-feira (12), o Museu Botânico do Rio de Janeiro abrigou o primeiro de um ciclo de debates preparatórios para os próximos dias da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Não por acaso, o primeiro encontro ocorreu justamente no dia da abertura da conferência e discutiu a relação entre juventude – maior grupo da sociedade civil presente no evento, com três mil pessoas – e sustentabilidade.

Representante da CUT, Rosana de Deus, deu início à sua intervenção afirmando que não é possível falar sobre sustentabilidade sem discutir a inserção dos jovens no mercado de trabalho. E defendeu que não há emprego verde sem trabalho decente.

Para exemplificar, ele cito o caso dos adolescentes que trabalham no corte da cana utilizada para produção do etanol. Ele lembrou que, apesar de se tratar de um combustível limpo, a situação degradante faz com que muitos precisem utilizar drogas para enfrentar o ritmo exaustivo.

Alcançar quem não conhece a luta

A dirigente comentou ainda um levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que afirma haver 2,6 milhões de empregos verdes no Brasil. Porém, lembra, apenas 6,7% são formalizados. “Sem formalização, portanto, sem direitos e proteção social não há emprego verde”, ressaltou.

Por fim, ela destacou que é preciso repensar a forma de se comunicar com os jovens, a partir de uma visão definida neste novo século e não desde velhas regras. “Primeiro, falta unidade nas pautas do movimento juvenil organizado porque há dificuldade em organizar aqueles que os problemas sociais não tem nada a ver com eles. Para mudar isso, precisamos também transformar a comunicação, a forma de dialogar não pode ser a mesma dos anos 1960. A opressão mudou, a pauta mudou. Devemos pensar, por exemplo, em como tratar a intervenção a partir das redes sociais e incluir no debate da Rio+20 quem não está aqui”, explicou.

Jovem é prioridade na Rio+20


Representante da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do ministério, Samira Crespo, citou que a juventude é considerada um ator fundamental no texto zero da Rio+20, ainda não concluído. O documento ainda trata da questão de empregos e há a tentativa de cravar o conceito de jovens em situação de vulnerabilidade, não só por conta das drogas, mas submetidos a guerras e guerrilhas. Iniciativa que tem o apoio do Brasil.

O consultor da Organização das Nações Unidas (ONU), João Scarpelini, lembrou dois pontos fundamentais que integram o documento da Conferência da Juventude, que acontece entre os dias 7 e 12: a criação de ouvidorias de futuras gerações, por meio da qual seria possível denunciar quando governo ou empresa viola direitos ambientais. E a definição de um fórum permanente de jovens na ONU, capaz de garantir a implementação de direitos, obstáculo dentro e fora do país.

“Sabemos que é preciso da voz aos jovens, mas agora também precisamos fazer valer o que elaboramos.”

Mesma preocupação tem o representante da Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (Rejuma), Thiago Moraes.

“Temos parceiros no Ministério do Meio Ambiente, mas talvez sejam parceiros porque entende a lacuna que existe sobre o tema no governo brasileiro.”

Efetivar o que já foi discutido

Às vésperas de mais uma Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, ele acredita que, mais até do que levantar propostas, o momento é de colocar em prática. “A gente precisa também que essa participação se efetive.”

Ideia semelhante defende a coordenadora nacional da Pastoral da Juventude, Paula Grassi.

“Não basta tomada de consciência, é preciso também um processo de ações para que exista mudança.”

Da mesma forma que Thiago Moraes, ela também defendeu que a aplicação efetiva de um modelo de desenvolvimento sustentável passa pela transformação do modelo vigente. “Capitalismo e sustentabilidade são incompatíveis. Economia verde é capitalismo pintado, mas continua a visar lucros e tirar nossos direitos”, definiu.

Fonte: CUT

1 de junho de 2012

OIT: 20,9 milhões de pessoas no mundo são vítimas de trabalho forçado

Estudo da Organização Internacional do Trabalho mostra que cerca de três em cada mil pessoas em todo o mundo são vítimas dessa prática

Cerca de três em cada mil pessoas em todo o mundo são vítimas de trabalho forçado, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado hoje (1º). O número total de pessoas presas em empregos que lhes foram impostos por meio de coação ou de engano chega a 20,9 milhões. Nessas situações também podem ser incluídos o tráfico de seres humanos ou práticas análogas à escravidão. O último relatório da organização sobre o assunto foi divulgado em 2005.

“O tráfico de seres humanos também pode ser considerado trabalho forçado e, assim, essa estimativa capta o tráfico de seres humanos para exploração laboral e sexual ou o que alguns chamam de escravidão moderna”, diz o estudo.

De acordo com o levantamento, mulheres e meninas representam 55% (11,4 milhões) do total de trabalhadores forçados, enquanto homens e meninos representam 9,5 milhões (45%). Além disso, os adultos são mais afetados do que as crianças, pois 74% (15,4 milhões) das vítimas são maiores de 18 anos e 26% (5,5 milhões) estão abaixo dessa faixa etária.

A região da Ásia e do Pacífico apresenta o número mais alto de trabalhadores forçados no mundo, 11,7 milhões (56%). A África vem em seguida, com 3,7 milhões (18%), e a América Latina, com 1,8 milhão de vítimas (9%). Nos países da Europa Central e do Leste Europeu são registrados 1,6 milhão (7%) de pessoas trabalhando de forma forçada. Nas economias desenvolvidas e na União Europeia há 1,5 milhão (7%) de trabalhadores forçados, enquanto no Oriente Médio, o número de vítimas é estimado em 600 mil (3%).

O estudo mostra ainda que 90% dos trabalhadores (18,7 milhões) são explorados na economia privada, por indivíduos ou empresas. Desses, 4,5 milhões (22%) são vítimas de exploração sexual forçada e 14,2 milhões (68%) são forçados em atividades econômicas como agricultura, construção civil, trabalho doméstico ou industrial.

Além disso, 2,2 milhões (10%) são vítimas de trabalho forçado imposto pelo Estado, como por exemplo, nas prisões, o que viola as normas da OIT, ou imposto por forças armadas rebeldes ou exércitos nacionais.

O documento também apresenta a relação entre migração e trabalho forçado. Há 9,1 milhões de vítimas (44%) que estão presas no trabalho forçado após um processo migratório, ou seja, o deslocamento dentro de seus países ou para o exterior. A maioria dessas pessoas, 11,8 milhões (56%), está submetida a trabalho forçado em seus países de origem ou residência.

Os deslocamentos entre fronteiras estão estreitamente vinculados à exploração para fins sexuais. Em contrapartida, a maioria dos trabalhadores forçados em atividades econômicas e quase todos os que são vítimas de trabalho forçado imposto pelo Estado não se afastaram de suas áreas de origem”, mostra o estudo.

Fonte: Agência Brasil